Senador Cristovam Buarque.
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Revolução na Educação Brasileira
Senador Cristovam Buarque.
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Solo paraense tem 270 toneladas de ouro
Uma nova corrida pelo ouro no Pará deve atrair milhares de imigrantes ao Estado nos próximos cinco anos, já que pelo menos oito projetos espalhados por várias regiões do Estado confirmaram a incidência do minério. Ao todo, as reservas paraenses apresentam capacidade de produzir 9 milhões de onças (oz) de ouro, ou seja, 270 toneladas do mineral. Dos oito projetos previstos para o Estado - todos já em fase de implantação -, três estão na região do Tapajós; dois no Sudeste paraense; um na região do Xingu; e dois no Nordeste. A previsão é que as oito reservas estejam em total funcionamento até 2017, de acordo com o geólogo paraense Alberto Rogério da Silva. Segundo ele, no entorno dos depósitos minerais, serão gerados cerca de 500 empregos diretos e mais 6,5 mil indiretos.
Os projetos da região do Tapajós serão explorados pelas mineradoras Ouro Roxo (reserva de 700 mil oz), Unamgen S/A (2 milhões oz) e Serabi Gold (600 mil oz). Já no Sudeste do Pará, a exploração será feita pelos grupos Reinarda Mineração (200 mil oz/ano) e Colossus Minerals (1,1 milhão oz). No Xingu, o projeto pertence à companhia Belo Sun Mining Corporation (cujo plano, embora ainda esteja em fase de licenciamento, apresenta uma reserva de 2,8 milhões oz). Por último, no Nordeste do Estado, estão em fase de pesquisa os empreendimentos das empresas Luna Gold Mineração e Companhia Nacional de Mineração (CNM).
De acordo com o geólogo, a região Tapajós tem a maior área garimpeira do mundo (são 100 mil km²), com mais de 2,2 mil pontos de extração de ouro e uma reserva de 28 mil km².
Alberto Rogério afirma que uma das empresas instaladas em Itaituba está articulando um projeto para montar sua refinaria em Belém, com o objetivo de refinar todo o ouro paraense. Segundo ele, a produção atual de ouro em Itaituba gira em torno de 250 a 300 quilos por mês. O geólogo explica que aproximadamente 52% do minério produzido no Pará são destinados às joalherias de várias partes do mundo; 20% são convertidos em investimentos privados, ou seja, viram papéis na bolsa de valores; e o restante (30%) se transforma em outros tipos de investimentos.
Fonte: O Liberal
Alberto Rogério afirma que uma das empresas instaladas em Itaituba está articulando um projeto para montar sua refinaria em Belém, com o objetivo de refinar todo o ouro paraense. Segundo ele, a produção atual de ouro em Itaituba gira em torno de 250 a 300 quilos por mês. O geólogo explica que aproximadamente 52% do minério produzido no Pará são destinados às joalherias de várias partes do mundo; 20% são convertidos em investimentos privados, ou seja, viram papéis na bolsa de valores; e o restante (30%) se transforma em outros tipos de investimentos.
Fonte: O Liberal
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Falso sentimento do "Eu"
Todos temos
sempre, no fundo de nosso coração, o sentimento de nós mesmos. Mas
convém saber se esse sentimento é correto ou equivocado. É necessário,
portanto, entender o que é este “sentimento do Eu”.
Antes de qualquer coisa, urge entender que as pessoas estariam
dispostas a abandonar tudo, o álcool, o cinema, o fumo, as farras etc.,
menos seus próprios sofrimentos. As pessoas adoram suas próprias dores,
seus sofrimentos. Desapegar-se-iam mais facilmente de alguma alegria que
de seus próprios sofrimentos. Entretanto, o que parece paradoxal é que
todos se pronunciam contra esses mesmíssimos sofrimentos e se queixam de
suas dores, mas quando se trata de abandoná-los, de modo algum estão
dispostos a tal renúncia.
Certamente, temos uma série de “fotografias vivas” de nós mesmos,
fotografias de quando tínhamos 18 anos, de quando éramos meninos, de
quando éramos homens de 21 anos, 28 ou 30 etc. A cada uma dessas
fotografias psicológicas corresponde uma série de sofrimentos, isto é
evidente, e mos deleitamos ao examinar tais fotografias, nos deleitamos
ao narrar aos outros os sofrimentos de cada idade, as fases dolorosas
pelas quais passamos etc. Tem um sabor bastante exótico, ou boêmio
poderíamos dizer, contar aos outros nossas dores: quando lhes dizemos
que somos pessoas experientes, ao lhes contarmos nossas aventuras de
criança, a forma como tivemos de trabalhar para ganhar o pão de cada
dia, a época mais dolorosa da existência quando andávamos por aí
buscando os centavos para sobreviver – quantas dores, quantos
sofrimentos! – com tudo isso gozamos e nos deleitamos.
Ao fazermos esse tipo de narrativa, parecemos realmente boêmios
entusiasmados. Num caso como esse, em vez de nos deleitarmos com a
bebida ou o cigarro, deleitamo-nos com a história, com a “novela”, com o
que nos aconteceu, o que dissemos, o que nos disseram, com a forma como
o vivemos etc. É um tipo de boemia bastante exótico, que nos agrada. De
modo algum parecemos dispostos a abandonar nossos próprios sofrimentos –
eles são o narcótico de que todos gostam, o deleite que agrada a todos.
Quanto mais acidentada uma vida, mais exóticos nos sentimos, mais
boêmios com nossas dores; e isso é sem dúvida um absurdo.
Mas observem que a cada situação corresponde um sentimento: um
sentimento do Eu, do Mim Mesmo. Sentimos que somos, sentimo-nos existir.
Neste momento vocês estão reunidos aqui para me escutar, e eu estou
lhes falando; vocês sentem que estão sentindo, têm aqui no coração o
sentimento de si mesmos. E estão certos de que esse sentimento é
correto? É possivel que tenham certeza disso. Será esse sentimento que
têm neste momento o sentimento de existir, o sentimento de ser e de
estar vivo, será um verdadeiro ou um falso sentimento?
Convém refletirmos um pouco sobre essas questões. Quando andávamos
por aí, talvez pelos bares, ou pelos “cabarés”, tínhamos Sentimentos?
Sim, é óbvio que os tínhamos. E esses sentimentos seriam os corretos? A
cada idade corresponde um Sentimento, pois um é o sentimento de quando
se tem 18 anos, outro o que se tem aos 25, outro é o sentimento dos 30 e
outro o dos 35. Um ancião de 80 anos terá também indubitavelmente seu
próprio sentimento. Qual deles será o verdadeiro? É uma tremenda questão
essa do sentimento de nós mesmos. O fato é que a pessoa sente que está
sentindo, sente que existe, sente que vive, sente que é, sente que
sente, tem coração e sente, e diz: “Eu”, “Eu” e “Eu”. Mas os “Eus” são
muitos e, então, qual dos “sentimentos” será o exato? Reflitam um pouco
sobre essa questão. Pensem!
Vale a pena tratar de compreender esta
questão.
Se alguém desintegra um Eu qualquer, por exemplo, o ressentimento
contra alguém, está convicto de havê-lo desintegrado. Porém, se o
mesmíssimo Sentimento continua a existir, há uma falha no trabalho –
isso simplesmente nos indica que o tal Eu que acreditávamos ter sido
desintegrado não o foi, visto que o Sentimento que lhe corresponde
persiste.
Se perdoamos a alguém, e mais ainda, se cancelamos a dor que essa
pessoa nos causou, mas continuamos a ter igual sentimento, isso nos
indica que não cancelamos, portanto, a ofensa, ou a má lembrança ou má
ação que esse alguém nos causou. O Eu do ressentimento continua vivo.
Estamos tocando num ponto muito delicado, já que participamos todos
do Trabalho de Si Mesmo e Sobre Si Mesmo. Quantas vezes acreditamos, por
exemplo, ter desintegrado um “Eu da Vingança”? Mas aquele Eu que
tínhamos continua sob a forma de sentimento. Isso nos mostra que,
portanto, não conseguimos desintegrar tal Eu, e isto é evidente. De modo
que, portanto, existem em nós tantos sentimentos quantos são os
agregados psíquicos ou Eus que temos em nosso interior. Se temos 10 mil
agregados psíquicos, indubitavelmente teremos 10 mil sentimentos de nós
mesmos. Cada Eu tem seu próprio sentimento.
Assim, pois, há uma pauta a seguir em nosso Trabalho sobre nós mesmos
e esta é a questão do sentimento. Intelectualmente podemos ter
aniquilado o Eu do Egoísmo, mas continuará existindo em nós o sentimento
do Egoísmo, esse sentimento do primeiro Eu, do segundo e do terceiro
Eu? Sejamos sinceros com nós mesmos: se tal sentimento continua
existindo, é porque o Eu do Egoísmo ainda existe.
Assim, hoje os convidei a compreender esta questão do Sentimento. Dá
muito trabalho fazer com que as pessoas se decidam a compreender a
necessidade de desintegrar o Ego, mas ainda mais trabalhoso é
compreenderem o que é o Sentimento. É algo tão fino, tão sutil… De
qualquer modo, neste Trabalho sobre nós mesmos, meus queridos irmãos, há
três linhas que precisamos entender:
Primeiro: O Trabalho sobre Nós Mesmos, com o propósito de desintegrar
os agregados psíquicos que levamos em nosso interior, viva
personificação de nossos erros.
Segundo: O Trabalho com as outras pessoas – precisamos aprender a nos relacionarmos com os outros, e
Terceiro: O Amor ao Trabalho, o Trabalho pelo próprio Trabalho.
São as três linhas a seguir. Se, por exemplo, alguém diz e acredita
que está trabalhando sobre Si Mesmo, mas não se verifica nenhuma mudança
na pessoa, se o Sentimento Equivocado do Eu continua, se sua relação
com os outros ainda é a mesma, está demonstrado que esta pessoa não
mudou, e, se não mudou, não está trabalhando sobre si mesma
corretamente, e isso é óbvio.
Precisamos mudar, mas se após certo tempo de trabalho o Sentimento do
Eu continua o mesmo, se o modo de proceder com as pessoas é o mesmo,
poderíamos acaso afirmar que mudamos? Na verdade não! E a finalidade
destes estudos consiste em mudar. A mudança deve ser radical, porque até
mesmo a própria identidade tem de se perder para nós mesmos. Um dia,
por exemplo, Arce irá procurar Arce, mas Arce já não existe, ter-se-á
perdido para si mesmo, e isso é claro. Um dia Uzcátegui dirá: “Que foi
feito de Uzcátegui?” Já não existe, terá desaparecido para Uzcátegui.
Assim, na realidade, até a mesmíssima identidade tem de se perder para
nós mesmos. Temos de nos tornar absolutamente diferentes.
Conheço aqui mesmo, entre os irmãos – sei de alguns, cujo nome não
menciono – alguns que estudam comigo há anos e anos, vejo-os sempre na
mesma, não mudaram, têm o mesmo comportamento, cometem os mesmos erros –
exatamente os mesmos erros cometidos há 20 anos. Nada indica ou acusa
qualquer mudança, não há nada novo neles. Como são hoje? Como eram há 20
anos, ou há 10 ou 50 anos. Mudança, nenhuma!!!
Então, o que essas pessoas estão fazendo? O que fazem aqui? Estão
perdendo o tempo miseravelmente, não é verdade? Porque o objetivo de
nossos estudos é mudar psicologicamente, converter-nos em seres
diferentes; mas se continuamos os mesmos, se Fulano de Tal é o mesmo que
era há 10 anos, então não mudou nem está fazendo nada, está perdendo
seu tempo, isso é óbvio. Convido todos vocês a essa reflexão. Querem ou
não querem mudar? Se continuam sendo sempre os mesmos, então, o que
estão fazendo? Com que objetivo estão aqui reunidos na Terceira Câmara?
Para quê? Precisamos refletir melhor. Uma orientação a seguir é esta
questão do sentimento do Eu. O sentimento do Eu é sempre equivocado,
nunca é correto. Devemos distinguir entre o Sentimento do Eu e o
Sentimento do Ser.
“O Ser é o Ser, e a razão se ser do Ser é o próprio Ser .” O
Sentimento do Ser é sempre correto, mas o sentimento do Eu é um
sentimento equivocado, é um sentimento falso! Por que os irmãos se
deleitam com suas fotografias psicológicas de 20, 30 ou 50 anos atrás?
Que se passa com vocês?
Cada fotografia psicológica é acompanhada de um sentimento diferente.
O sentimento do jovem de 18 anos que se embebeda, o do rapaz de 20 anos
que anda com a noiva ou pelo caminho pervertido etc., qual desses será o
correto? O que tínhamos como rapazes de 18 anos ou o que temos hoje, na
idade de 50 ou 60 anos? Qual será o verdadeiro?
Nenhum desses sentimentos é verdadeiro, nenhum deles é correto. Todos
são falsos. É falso quando alguém se sente um homem de 18 anos com o
mundo diante de si e a quem as namoradinhas sorriem. É falso aquele
rapazinho de 20 anos que acredita que vai dominar o mundo com o seu
rosto bonito. É falso aquele jovem de 25 anos que “anda de janela em
janela”. Tudo isso é falso! Qual desses sentimentos será o real? Só a
Consciência pode lhes dar um Sentimento Real!
Não se esqueçam de que não há muita distância entre o Ser e a
Consciência. A vida tem três aspectos: o Ser (Sat, em sânscrito), a
Consciência (Chit) e a Felicidade (Ananda). Mas a Consciência Real do
Ser, que não está muito distante do Ser em Si Mesmo, está engarrafada
entre esta multiplicidade de agregados psíquicos que personificam nossos
erros e que levamos em nosso interior. Só a Consciência pode nos dar um
Sentimento Correto, mas esse sentimento pareceria aos outros cruel,
porque estes estão engarrafados em falsos sentimentalismos que não têm
nada a ver com o Verdadeiro Sentimento do Ser.
O Sentimento da Consciência Objetiva, Real, é o que importa; mas para
podermos ter esse Sentimento Verdadeiro da Consciência Real e Objetiva,
precisamos, antes de tudo, desintegrar os agregados psíquicos. À medida
que vamos desintegrando os diversos agregados, viva personificação de
nossos defeitos, a Voz da Consciência irá se tornando cada vez mais
forte, o Sentimento do Ser, isto é, da Consciência, irá se fazendo
sentir de forma cada vez mais intensa, e, à medida que vamos passando a
sentir com a Consciência, nos daremos conta de que o Falso Sentimento do
Eu nos conduz ao erro.
Mas isso é muito sutil, sumamente delicado, pois todos nós sofremos
muito na vida, isso é óbvio. Temos marchado também pelo caminho do erro,
o que é patético; e, em todos os aspectos de nossa vida, em cada
processo, em cada instante, temos sentido aqui no coração algo, algo,
algo, algo que se chama sentimento. Temos sempre considerado esse “algo”
como a Voz de nossa Consciência; temo-lo considerado como o sentimento
de Si, como o Sentimento Real ao qual temos obedecido, como o único que
pode conduzir-nos pelo caminho certo (“reto”), etc. Mas, infelizmente,
temos estado equivocados, meus queridos irmãos!
A prova de nosso equívoco é que mais tarde tivemos outro Sentimento
completamente diferente, totalmente distinto, e bem depois ainda outro
Sentimento também diferente; qual dos três era então o verdadeiro?
Assim, temos todos sido vítimas de um auto-engano. O Sentimento do Eu
sempre nos guiou, temos sempre confundido o Sentimento do Eu com o
Sentimento do Ser. Temos sido vítimas de um auto-engano, e nisto não
pode haver exceções, até mesmo eu marchei pelo caminho do erro quando
tomei o Sentimento do Eu pelo Sentimento do Ser. Não há exceções, todos
temos sido vítimas do auto-engano.
Chegar a sentir verdadeiramente, chegar a ter o Sentimento Preciso, é
algo tremendo. Esse Sentimento Preciso é o da Consciência Superlativa
do Ser. De qualquer modo, devemos seguir pelo caminho da Aristocracia da
Inteligência e da Nobreza do Espírito. À medida que avancemos por essa
senda tão difícil do Auto-Conhecimento e da Auto-Observação de Si
Mesmos, de momento em momento, iremos também aprendendo a sentir
corretamente. Iremos aprendendo a conhecer o Sentimento Autêntico da
Consciência Superlativa do Ser.
O Ser é para nós o que conta, é o importante, e o Sentimento tem um
grande papel nessa questão do Ser, um tremendo papel. Quantas vezes
acreditávamos estar indo bem pelo caminho da vida, guiados pelo
Sentimento vivo de uma autêntica Realidade; aconteceu que andávamos
então pior do que antes porque guiados por um falso sentimento, o do Eu.
Há
pessoas incapazes de desapegar-se do Falso Sentimento do Eu. Jamais!
Têm uma série de “fotografias” ou imagens de Si Mesmas que não
abandonariam por nada na vida, nem por todos os tesouros do mundo. Gozam
com suas dores e renunciar a elas seria pior que a própria morte. As
pessoas vivem se queixando e gozam com seus lamentos, jamais
abandonariam suas dores. É terrível isto que estou lhes dizendo,
doloroso mas verdadeiro.
Devido a um Falso Sentimento do Eu podemos perder toda uma existência
íntegra. Passam-se os 20 anos, e os 30, 40, 50, os 60 e chegamos aos 80
(se por acaso chegamos, pois muitos morrem antes dos 80) com o mesmo
conceito falso, o mesmo Falso Sentimento do Eu para ser mais claro, e
esse Falso Sentimento que temos do Eu nos “engarrafa” completamente no
Ego, e por fim morremos sem haver dado um só passo adiante.
Comumente as pessoas, ao enfrentarem a vida, não recebem as
experiências diretamente na Consciência; têm muitos e terríveis
preconceitos e prejuízos em sua mente. Qualquer desafio é, portanto,
imediatamente escudado, recebido com algum prejuízo ou preconceito. Tudo
o que ocorre na vida chega, não à Consciência, mas a toda essa
multiplicidade de preconceitos que levamos dentro, a toda essa
diversidade de sentimentos equivocados e contraditórios – nunca à
Consciência, e, como resultado, permanecemos adormecidos por toda a
vida.
Olhemos por exemplo um velho neurastênico, de 80 anos, torpe e
rançoso no pensar, “engarrafado” em algum dogma. Tem um Sentimento de Si
Mesmo totalmente equivocado. Quando alguma impressão (“algo”) o atinge,
não toca sua Consciência; tudo o que lhe chega chega apenas à sua
mente, e esta, como está cheia de preconceitos, costumes, hábitos
mecânicos etc., reage então de acordo com seu próprio condicionamento –
violentamente, covardemente etc.
Já viram algum ancião de 80 anos reagindo? Vocês já sabem como é,
sempre as mesmas reações. Por quê? Porque tudo lhe chega à mente, não
toca nunca sua Consciência, chega à sua mente e esta logo o interpreta a
seu modo. A mente julga tudo segundo lhe parece, como está habituada a
julgar, como crê ser verdadeiro, e o Falso Sentimento do Eu respalda
essa forma equivocada de pensar. Conclusão: quem tem um Falso Sentimento
perde sua vida miseravelmente.
O fato é que é preciso chegar ao Sentimento Correto, mas este é o da
Consciência. Ninguém poderia chegar a ter este Sentimento Correto se não
desintegrasse os agregados psíquicos. À medida que alguém desintegra
seus agregados psíquicos o Sentimento Correto se manifesta. Quando a
desintegração é total, também o Sentimento Correto é total.
Comumente, entretanto, o Sentimento Correto de Si Mesmo está em luta
com o Sentimento Falso do Eu. É que o Sentimento Correto da Consciência
está muito além de qualquer código de ética, além de qualquer código
moral estabelecido por alguma religião, etc. No fundo, os conceitos
morais estabelecidos pelas várias religiões resultam comumente falsos.
Como a Consciência humana está atualmente tão adormecida, foram
inventados diversos sistemas pedagógicos, sociais, éticos, educativos e
morais para que possamos andar pelo caminho reto, mas nada disso serve
para nada. Há uma ética própria da Consciência, mas esta pareceria
imoral aos santurrões das diversas correntes religiosas.
Os livros dos Paramitas do Tibet Oriental expõem uma ética que jamais
se encaixaria em qualquer culto, pois é a ética da Consciência; e não
estou, com isso, me pronunciando contra nenhuma forma de religião, mas
unicamente contra certas formas ou armaduras enferrujadas dentro dos
quais estão hoje em dia “engarrafados” a Mente e o Coração, certas
estruturas caducas e degeneradas de falsa moral convencional – contra
isso é que estou me pronunciando.
Nesses estudos não se trata de seguir ou de viver de
acordo com certas formas petrificadas de moral; aqui o que se deve
desenvolver é a capacidade de compreensão. Necessitamos constantemente
avaliar a nós mesmos para descobrir o que temos e o que nos falta. Há
muita coisa que devemos eliminar e muito que devemos adquirir, se é que
queremos seguir o caminho certo; mas o Sentimento equivocado do Eu não
permite a muitos avançar pela difícil senda da liberação; esse
Sentimento Equivocado do Eu é sempre confundido com o Sentimento do Ser,
e se não abrirmos bem os olhos, o Sentimento Equivocado do Eu pode
fazer com que fracassemos todos na presente existência.
O Ser é o que importa, mas está muito fundo, muito profundo…
Realmente o Ser em Si Mesmo é a Mônada Interior. Lembremo-nos de
Leibnitz e suas famosas “Mônadas”. A Mônada em si mesma é o que chamamos
Neshamah em hebraico, ou seja, Atman-Budhi. Atman… Quem é o Atman? É o
Íntimo, o Ser.
Precisamente sobre isso, o livro Deuses Atômicos nos diz: “Antes que a
falsa aurora aparecesse sobre a Terra, aqueles que haviam sobrevivido
ao furacão e à tormenta adoraram o Íntimo, e a eles apareceram os
Arautos da Aurora…”
Neshamah, ou seja, Atman-Budhi, é a Mônada citada por Leibnitz em sua
“Filosofia Monádica”. Atman é o Íntimo, Budhi é a Alma Espiritual, a
Consciência Superlativa do Ser; os dois, integrados, constituem a
Mônada, isto é óbvio. A Mônada, por sua vez, se desdobrou na Alma
Humana, que é o “Manas Superior” dos orientalistas. Essa Alma Humana é
em princípio completamente germinal, mas dela, por desdobramento,
resultou a Essência, que é a única coisa que os animais intelectuais têm
encarnada em seu interior. Essa Essência está “engarrafada” entre os
diversos agregados psíquicos que levamos dentro de nós.
Em hebraico, Neshamah é precisamente Atman, Atman em seu aspecto
inefável. Budhi é Ruach, e Atman-Budhi se diz “Ruach” em geral. Nephesh é
a Alma Humana ou Alma Causal, de onde precisamente deriva a Essência
que cada um tem em seu interior. Essa Essência precisa ser despertada, é
a parte da Consciência que temos dentro, essa Essência há que pô-la em
atividade; infelizmente está adormecida, presa dentro dos agregados
psíquicos inumanos que por desgraça levamos em nosso interior.
É preciso entender que, quando alguém trabalha sobre Si Mesmo, entra
no caminho da Revolução da Consciência, aspira a receber algum dia seus
princípios anímicos e espirituais, quer dizer, converte-se em um Templo
da Mônada Interior, pois é óbvio que uma Essência desenvolvida desperta,
integra-se, funde-se completamente com a Alma Humana no Mundo Causal.
Muito mais tarde ainda vem o melhor: os Esponsais, o Casamento, a
integração dessa Alma Humana com a Mônada; quando isso ocorre, o Mestre
se Auto-Realizou totalmente.
Assim,
o que possuímos, a Essência, deve ser trabalhada. Devemos começar por
“desengarrafá-la”; é uma fração da Alma Humana em toda criatura e há que
despertá-la, pois está adormecida em meio aos agregados psíquicos que
levamos em nosso interior.
Essa Essência tem seu próprio Sentimento Correto, que é diferente,
completamente diferente do Falso Sentimento do Eu. Essa Essência – com
seu Sentimento – realmente emana da verdadeira Alma Causal ou Alma
Cósmica; assim, o Sentimento da Essência é o mesmo da Alma Cósmica, o
mesmo que existe na Alma Espiritual, o mesmo que existe no Íntimo ou
Atman.
Quando alguém entra por este caminho, descobre que ingressou na Senda
da Revolução da Consciência, e a Revolução da Consciência é tremenda,
porque de fato traz consigo a Revolução Intelectual e a Revolução
Física. A Revolução da Consciência provoca uma série de revoluções
intelectuais extraordinárias e, por sua vez, como resultado, dá-se a
Revolução Física.
Na Alquimia, por exemplo, fala-se na Reincrudação do Corpo Físico, na
Invulnerabilidade e na Mutação. É óbvio que aquele que obteve o
despertar total, aquele que atingiu a Iluminação, pode alimentar-se com a
Árvore da Vida, e seu Corpo Físico pode, se assim o quiser, tornar-se
invulnerável e mutante – isto pode ser conseguido mediante a
Reincrudação Alquimista. Um iluminado sabe muito bem como se consegue a
reincrudação.
Assim, tem-se três Revoluções em uma: a Revolução da Consciência traz
consigo a Revolução Intelectual e também a Revolução Física.
Os grandes Adeptos da Consciência, esses que obtiveram realmente o
despertar, são Iluminados, e muitos deles são imortais. Lembremos Sanat
Kumara, o “Ancião dos Dias”, o fundador do Colégio de Iniciados da
Irmandade Branca. Trouxe seu corpo físico à Terra desde Vênus. Esse
Grande Mestre, havendo já transcendido qualquer necessidade de viver
neste mundo, deixou-se ficar aqui para ajudar aos que seguem a Senda
Pedregosa que conduz à Libertação Final. Sanat Kummara pode se submergir
totalmente no Oceano da Grande Luz, mas renunciou a toda felicidade
para ficar aqui conosco, e permanece conosco por Amor a nós.
Neste caminho que estamos percorrendo, é urgente compreender a forma
de nos relacionarmos corretamente com nossos semelhantes; se estamos
trabalhando sobre Nós Mesmos, devemos também levantar a tocha para
iluminar o caminho de outros, para mostrar-lhes o Caminho, e isso é
precisamente o que fazem os Missionários Gnósticos: mostrar a outros a
Senda da Libertação.
No Oriente se fala claramente de dois tipos de seres que seguem esse
caminho. Podemos chamar o primeiro tipo de Srávacas e Budas Pratiekas.
São obviamente ascetas, sabem que o falso sentimento do Eu só pode
conduzir ao fracasso. Compreendem isto, preocuparam-se em trabalhar
intensamente sobre si mesmos, fizeram seus votos; alguns deles até tem
diluído o Ego, mas não fazem nada pelos outros, não fazem nada pelo
próximo. Esses Budas Pratiekas e Srávacas obviamente gozam de certa
iluminação e alguma felicidade, mas nunca chegaram verdadeiramente a ser
Bodhisatvas no sentido mais restrito da palavra.
Há dois tipos de Bodhisatvas: os que têm o Bodhisitta em seu interior
e os que não o têm. Que se entende por Bodhisitta ou Bodhisitto?
Simplesmente que trabalham pela humanidade à base de diversas renúncias e
por Kalpas inteiros, manifestando-se nos mundos e renunciando a
qualquer tipo de felicidade. Estes possuem os Corpos Existenciais de
Ouro Puro, pois é isto o Bodhisitta: os Corpos Existenciais do Ser e a
Sabedoria da experiência adquirida através de sucessivas eternidades.
O Bodhisitta de um Buda é na verdade um Bodhisatva devidamente
preparado, que pode realizar com perfeição e eficiência todos os
trabalhos que o Buda Interior lhe confiou. Poderia o Bodhisatva que
realmente se desenvolveu no terreno vivo do Boddhisitta fracassar nos
trabalhos que deve realizar? É evidente que não, pois está devidamente
preparado.
Entende-se portanto, por Bodhisitta, precisamente todas essas
experiências, todos esses conhecimentos adquiridos através das idades,
os Veículos de Ouro Puro, a Sabedoria Evidente do Universo. Obviamente, o
Bodhisatva, provido do Bodhisitta, se manifesta ao longo (através) de
vários Mahanvantaras e finalmente vem a converter-se num Ser
Omnisciente. A Omnisciência é algo que se precisa conquistar, não se
“ganha de presente”; é um produto de diferentes manifestações cósmicas e
de renúncias incessantes.
O Bodhisatva que possui dentro de si o Bodhisitta, ou seja, toda esta
soma de Conhecimentos, Experiências e Veículos de Ouro etc., jamais se
deixaria guiar por um Falso Sentimento do Eu. Mas este Falso Sentimento
do Eu costuma refinar-se espantosamente. Muitos indivíduos que já
obtiveram grande elevação espiritual são ainda, entretanto, vítimas do
Falso Sentimento do Eu. Compreender isto é básico para a Grande Obra, é
fundamental…
Todos nós temos direito a aspirar à Iluminação; entretanto, não
devemos cobiçar a Iluminação. Ao invés disso, devemos preocupar-nos com a
desintegração dos Agregados Psíquicos que levamos em nós; vigiar
intensivamente esse Falso Sentimento do Eu, aniquilá-lo, pois pode
fazer-nos estagnar, pode levar-nos ao auto-engano, fazer-nos pensar que
vamos indo bem, fazer-nos acreditar que é a Voz da Consciência, quando
na realidade se trata da voz do Ego.
Quero que compreendam claramente que um dia terão de fabricar dentro
de si mesmos o Bodhisitta, isto é, elaborar essa experiência, elaborar
esse conhecimento que o Trabalho sobre Si Mesmos lhes vai conferindo.
Com tal conhecimento e experiência, vocês não falharão. À medida que vão
desintegrando esses agregados psíquicos que lhes dão o Falso Sentimento
do Eu, irão se alimentando com o Pão da Sabedoria, com o Pão
Transubstancial vindo do Alto, pois cada vez que se desintegra um
Agregado Psíquico libera-se uma porcentagem de Consciência e se adquire
de fato uma virtude, um conhecimento novo, algo extraordinário…
A propósito de Virtudes, devo dizer-lhes que quem não é capaz, por
exemplo, de apreciar as gemas preciosas, tampouco poderia conhecer o
valor das Virtudes. Estas são em si mesmas valiosas e preciosas, mas é
impossível adquirir qualquer Virtude sem haver previamente desintegrado o
defeito que constitui sua antítese. Não poderíamos, por exemplo,
adquirir a Virtude da Castidade se não desintegramos o defeito da
Luxúria. Não poderíamos adquirir a Virtude da Mansidão, se não
desintegramos em nós mesmos o defeito do Ressentimento. Não poderíamos
adquirir a Virtude do Altruísmo se não eliminamos o defeito do Egoísmo.
O que importa, portanto, é que compreendamos a necessidade de
eliminar nossos defeitos, pois só assim irão nascendo em nós as gemas
preciosas das Virtudes. De qualquer maneira, o objetivo desta prática de
hoje foi o de chamar sua atenção para o Falso Sentimento do Eu. Vocês
terão que aprender a sentir a Consciência, a ter um sentimento correto
da Consciência Superlativa do Ser. Essa Consciência Superlativa emana
originalmente de Atman, o Inefável, ou seja, o Íntimo, o Ser…
(autor desconhecido)
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